sábado, dezembro 21, 2013

O medo da tristeza não gera nada além de angustia, nada mais patológico que preocupar-se em secar lágrimas que ainda não caíram.

Passa no movimento úmido pelas bochechas vermelhas, passam por mim e eu estou aliviado, orgasmo.

quarta-feira, março 27, 2013

Pulsante Indiferença do Ser

São 6:33 da manhã e meu cérebro funciona mais do que nunca, acho que isso reflete muito o que nós somos agora, não guardamos os temores e buscas por amor, ou apreciamos as loucuras das paixões, só queremos e somos a futilidade do estar. Opa outra filheirinha, vai um doce? Suave. Estou pulsando tédio e desapego, não lido e não gero mais laços profundos e não tenho numa identificação com os meus old folks , só um rímel borrado, um nariz sujo e um pensamento que flui 15 mil vezes mais rápido que de todos vocês, sou um gênio. Tem esses caras que morreram com 27, eles eram tão profundos e sentiam mil coisas, mil magoas e não suportaram toda dor mundo, eu só não ligo, talvez eu morra aos vinteesete, mas com certeza vai ser por tédio. Talvez esmagada nas ferrugens de um carro que a mil por hora estava, só pra me fazer sentir, não sinto nada, sou blindado. Dizem que com vinteeum nós nos sentimos bulletproof, te digo uma coisa, eu não me sinto assim, eu sou, infelizmente. Passo horas perambulando madrugada fora esperando uma facada ou uma caceta, esperando por algo que me tire deste estado infame, mesmo que eu sai nas páginas policias, que nojo pareci um velho falando. Outro dia cheguei muito doida, louca do cu e minha mãe me disse, você vai morrer, eu respondi , acorda vadia, nós já estamos morrendo. Se não fosse tão clichê cortava os pulsos, mas morrer assim seria tedioso e eu nem conheço a porra do francês, referência clara a Camila de nome próprio(veja esse filme). Na gringa eu só poderia beber legalmente agora, nossa ainda bem que eu tô no Brasil. Então você quer me comer? Não, então foda-se. Eu sou genial, não me canso de lembrar disso, principalmente quando me defronto com a sua existência, essa é o marco da minha geração, viver ao máximo pra morrer jovem e linda, afinal nada mais importa.

quinta-feira, março 14, 2013

Ave Maria

Ela não tinha o pai no registro, não teve direito a infância e nunca soube ser mãe, os filhos a chamavam de tia. Semianalfabeta viveu boa parte da vida dando golpes e não teve uma vida que a sociedade diria que era digna, não submeteu-se aos martírios das disputa de classe, nunca aceitou-se como ralé. Um dia caiu no chão por causa de um AVE, na queda quebrou o quadril e sofre de constates dores apesar de não ter mais a sensibilidade na parte direita do corpo, está condenada a ficar o resto dos dias presa a uma cama. Ave Maria não teve misericórdia da mulher que lhe é homônima, nem um dia em sua vida. Ela resiste e mesmo sem tem ter o poder sobre o corpo clama pelo direito do mesmo e nos usa como sua ferramenta. Tenho orgulho dela ser minha avó e com orgulho sou o corpo dela em movimento.

terça-feira, março 05, 2013

Perdida.

Uma multidão gritava, só que não conseguia ouvir direito, todo som era abafado como se saísse do interior de sua mente. Sua barriga queimava e tudo girava em seu torno, era tanta dor e incompreensão, chorava mais de susto do que de outra coisa, sua visão embaçada via que alguém tentava a acudir, mas não era isso que ela queria, suplicava internamente por menos confusão, mostrava em seu rosto toda a histeria que passava por sua alma. Era mãe de três, pensou tão rapidamente nos pequenos, não sabia exatamente o porquê que sua cabeça foi pra eles, sentiu sua perna molhada, era tão quente e pensou: Ou me mijei ou menstruei, que hora mais adequada, ein?! Soltou um grito quando a levantaram, percebeu que sangrava pela barriga, percebeu tudo. Um tiro no estomago, deram-na um tiro no estomago, que deselegante, estava a morre. Sentia o sangue abandonando seu corpo, sentia-se traída por seu fluido que fugia dela, assim do nada, como se na primeira oportunidade ele fosse pular fora, sentiu a vida indo com ele, como velhos amigos que não se largam, tinha tanto a dizer, mas nenhuma força, procurou um rosto conhecido pra se despedir, estava só, ficou mais indignada, não era hora de morrer. Escutou alguém gritar seu nome, escutou perfeitamente, sem aquele eco, foi claro, virou a cabeça e usou suas ultimas forças para sorrir, apertar os olhos e erguer as sobrancelhas, como quem diz é a vida e assim foi em paz.

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Descompasso

Não negava que os dias viraram anos e não havia o reencontrado, nem mesmo no seu dia a dia memória dele vinha a sua mente, não mentiu quando disse que o amava, mas a vida segue um fluxo mais intenso que as águas de cascatas, ela leva de nós e nos cala, nos acostuma. Não era por medo ou desgosto que não se lembrava, era por descaso, vindo ao acaso. Não havia uma marcar suja de violência, ou uma interrupção externa, foi assim, foi indo e aos poucos foi. Lembrando agora aquela noite quente onde beberam tanto que dormiram rindo e tontos, no dia seguinte sabiam que se amavam. Quando ela partiu e foi viver a vida, ele não disse adeus, nem mesmo tchau, acho que ele sentiu mais, mas também ela que partiu, com uma aflição enorme e toda coragem possível. Garota sabida sentiu no começo, mas com os dias que viraram anos teve uma vida tão repleta de vida que nada anterior parecia relevante. O tempo cura aqueles que a ele pedem auxilio, na verdade ela nem precisou pedir a cura veio, veio por estar tranquila, que o fim a certeza do começo e que se esvaírem com o tempo, inclusive o eu. Um belo dia tomando um café ouviu a voz dele, soou com uma bofetada em sua cara, levantou correndo e o abraçou por trás. Ele retribuiu abraço sem olhar pra trás, eles sabiam reconhecer um ao outro com muito pouco, ela nem percebeu, mas ele chorou uma lagrima. Terminaram o café juntos, quando se despediram ela sentiu uma dor tão profunda, passou o resto dos dias lembrando dele e ele dela, mas nunca mais se viram.

terça-feira, fevereiro 19, 2013

Calada

Nada no seu corpo conseguia abstrair a sensação de calor, levando-a loucura da felicidade momentânea, presa num corpo espacial determinado pelas ondas da voz dele. Qual tempo não via os tons laranja invadir de forma incomoda seus olhos, o por do sol é belo e agressivo e disso ela sabia. Camuflada e atenta ao seu comportamento agradável e padrão, não parava de encarar Henrique, passa horas falando da vida com a cabeça nas alturas e ele participava, lembrava e sacudia-se para entender melhor. Isabel falou horas dos cabelos e a conversa foi super interessante, tão sabidos e eloquentes podiam falar de coisas melhores. Tava lá toda serelepe, mesmo coberta pela sensação de indisposição que só que viveu um dia de calor carioca vai entender, não sei se ele viu, não sei se reconheceu ou melhor não reconheceu a nova criatura ali na sua frente, não era a mesma, mas falava e vivia no ritmo da outra. Era a mesma. Como posso negar as surrealidades de uma mente inquieta que grita sem o toque de alucinógenos, saiu perplexa confusa e meio frustrada, mas em paz. Percebeu que as guerras são pedras em seu caminho de uma verdadeira felicidade, tudo tá bem, né? Sim, então pra que não manter assim, entendeu a hipocrisia fantástica de esconder os temores quando eles não geram mais nada que destruição.

quarta-feira, setembro 12, 2012

Amor, Sonhei com você ontem. Mas não foi do nada e tão pouco um truque do acaso, pois antes do sonho você passou por mim na rua, como uma brisa de vento no verão quente, eu estou mais quente do que nunca, estou melhor que você e sempre fui, não é? Mas você não passou por mim com sua indiferença, passou por mim com sua ignorância e não me viu, mas eu te vi; passou em minha frente, não te vi por inteiro, te vi de perfil, passou como flecha e foi embora. Aposto que quer saber de mim, mas é claro, quem não gostaria? Aquela que conheceu morreu, a menina intransigente e forte cresceu como flor e mulher, mas a transformação foi tão dolorosa que tudo, com exceção de sua essência, mudou. Hoje estou feliz e por vezes acredito estar completa, mas só fim que não tem mudanças e no fim completa estarei e só lá, não antes. Ah quando você passou por mim estava cercada de galantes e eles cantavam meu ouvindo, mas ao passar meu coração gelou e eu não pude respirar, roubou toda atenção que eu podia dar, sussurrei seu nome, pensei e em minha cabeça, me levantei , corri até você, segurei seu braço e o beijo no rosto, sorri e o deixei seguir. Mas vida seguiu e você se foi sem ao menos me ver e pela primeira vez eu só fui uma observadora, nos encontramos nesse espaço de um dia conhecidos. O sonho foi perturbador, estávamos numa casa que ficava no alto e tinha um largo quintal, éramos muitos, várias das minhas, vários dos seus e todos entraram no interior da casa pra fuder, eu me animei e iria seguir com vocês, mas por algum motivo fui devagar e todos entraram antes de mim, olhei pra trás e lá tinha um homem de máscara de porco. Ele pulou as alturas da casa, eu corri pra beira e o vi nadando num lago - aquilo foi lindo - ele me chamou e eu disse que não podia agora, ele respondeu ‘depois então' e me mostrou seu membro, pedindo pra que eu me tocasse pensando nele naquela noite, ai eu entrei na casa, logo em seguida sai. Horas tinham passado e eu tinha me deitado com você e com todos os seus chegados e processo tinha acontecido ao contrário com as minhas chegadas, mas no sonho não vivi esse momento, eu só sabia que tinha acontecido, troquei algumas palavras com vocês, seus amigos foram embora e eu olhei pra beira onde o mascarado pulara, você me abraçou por trás e eu chorei de angústia, você me questionou e eu não respondi, escapei de seus braços corri e pulei. Acordei louca, me toquei intensamente e gozei como nunca. Essa carta veio disso, ela é uma despedida pra você, uma explicação, mas como pode ver não tem meu endereço ou meu nome no remetente, não quero resposta e não quero me despedir de você, mas eu não podia pular sem dizer adeus, então adeus. Beijo.
Vem dançar Vem Vem dançar Vem Vem dançar Não vou Vamos Não vou Vamos Dançando me perco Te acho Me perco e te acho.

domingo, fevereiro 12, 2012

Estamos todos tentando alcançar da nossa própria maneira e então mesmo quando escolhemos coisas concretas como nossos objetos de desejo, sinto que eles são apenas símbolos e que o real objeto do nosso desejo é a força criativa inerente a tudo. É o que nos criou e o que perpetua nossas vidas, e assim nossas criações são suas criações. Como se você construísse um robô que pudesse pensar e sentir, e ele pintasse um quadro, este quadro seria o resultado da estrutura precisa de pensamento e sentimento dos quais você dotou o robô. Somos todos gratos pelo que recebemos. Mesmo quando estamos infelizes com tudo, é sempre “coitadinho de mim”, mostrando que ainda pensamos naquele “eu” e nos seus sentimentos, como tendo muito significado. É uma coisa bem impressionante ter essa rede complexa de pensamento e sentimento nesses corpos. De onde vem? Nós seguimos a pista da causa da questão de algo que requere a pré-existência do tempo, os princípios do movimento, espaço e muitas outras coisas. As leis do movimento, tempo e do espaço onde tudo existe, todas tem causas sem pista. Assim como não temos idéia de onde vem coisas como a percepção e os pensamentos. Então porque qualquer coisa existe de qualquer maneira, seja como atualmente ou potencial, é desconhecido. Eu atribuo todas essas coisas à força criativa, porque apesar da essência ser desconhecida, é uma coisa certa dentro de cada um de nós. E se torna mais clara o quanto mais geradores e positivos se tornam os pensamentos e as ações de uma pessoa, até que ela não parece mais ser desconhecida. Nossa própria natureza criativa é uma pequena versão da força criativa a qual devemos a nossa existência, então podemos entender essa força por nós mesmos simplesmente fazendo atos criativos.

As propriedades geradoras de vida que os raios de sol contém são algo que nós mesmos imitamos, seja sorrindo para alguém ou contando uma piada, ou cantando uma música. É uma necessidade humana quando você sente algo por dentro e quer expressar. E aquela substância geradora da vida que o sol brilha para nós é muito parecida com as nossas ações criativas. O sol está nos dizendo que se você repetir uma ação todos os dias (como aprender algo, tocar um instrumento ou construir algo), o objeto dos seus esforços irá crescer e crescer. A sua habilidade de se expressar ou de dar algo ao mundo ao seu redor irá crescer com a sua persistência em fazer o que quer que você faça. E apesar de parecer que o sol sobe e desce, tendo seu processo de aparente subida, apogeu, descida, e depois se esconde, a ciência nos ensinou que isso só parece ser assim para o nosso ponto de vista e que ele está circulando em torno, e brilhando com força total sempre. Assim como as nossas “subidas” e “descidas” só parecem assim para nós. Na verdade nós estamos prosperando o tempo todo. Tudo que fazemos é direcionado para brilhar a nossa forma de luz. Nós não poderíamos fazer isso se estivéssemos no apogeu o tempo todo, assim como a vida como conhecemos terminaria se o sol estivesse sempre no que nos parece ser o seu ponto mais alto de força. Uma pessoa não poderia nunca se superar em algo se o fizesse só de vez em quando, é uma boa dica de que a coisa à qual devemos nossa existência repete suas voltas todos os dias. Persistência é uma coisa incrivelmente potente.
Temos sorte de que a vida não é como os sonhos, nos quais o resultado das nossas ações é perdido com o próximo sonho. Aqui temos a possibilidade de construir algo dia após dias, seja uma habilidade em algo ou um edifício de verdade. Seja no mundo ou nas nossas mentes, o princípio se mantém. Lemos uma página de um livro, e lendo a página seguinte os eventos se seguem aos anteriores. Na música, uma nota conduz à próxima, a nova em relação àquelas que a precederam. Ou aprendemos o básico de algo e depois gradualmente as complexidades daquele assunto. Esses presentes são nossos para que façamos com eles o que bem entendermos.

Tentar e desistir andam de mãos dadas. Mas é o tentar que merece a atenção da nossa vontade. Desistir é simplesmente expirar. Inspirar é o que precisamos lembrar de fazer. Expirar segue naturalmente. O importante é continuar inspirando. Tentar e depois passar por tudo que acontece, inclusive o não tentar. E então às vezes prendemos a respiração. Estas coisas não são problemas. Isso é viver. Contanto que a mensagem que você envia para si mesmo seja que o importante é que você seja guiado pela força criativa que tem dentro de si, no caminho você está na mesma trilha do sol. É claro que você vai parecer subir e descer, e estar na luz e na escuridão. É a vida. A realidade é que você é uma estrela brilhante circulando pelo espaço o tempo todo. Então fazendo as suas ações circulares (fazer uma atividade criativa ou educacional consistentemente) você irá naturalmente se tornar mais daquilo que realmente é. E você já é isso. É só um jogo aprender a ser isso mais completamente em meio ao ambiente, e as ilusões da mudança constante e da “separatividade”. Uma totalidade de tudo é tudo o que existe, que já existiu e que irá existir sempre.

John Frusciante (27/01/2009).

quarta-feira, novembro 16, 2011

canário

Acordou num estalo, abriu os olhos e jogou em um estante toda a sonolência fora, se desesperou por não reconhecer o lugar e nem as pessoas que estavam a sua volta, olhou pra si a blusa suja de vomito, só de calcinhas e uma camisinha usada grudada na perna esquerda, entrou em pânico e pensava “fiz de novo”. Ana era desse tipo de menina festeira, só com 18 anos cheirava cocaína e bebia vodka, que perdia a noção de quem era e tinha seu corpo usado por muitos e muitos rapazes, alguns diziam que pelo fato dela não conhecer o pai a tornara uma vadia sem freios, necessitada de atenção masculina. Olhou mais uma vez a sua volta e reconheceu um amigo, Eduardo era mesmo uma bixa nojenta e sem escrúpulos, tava deitado em cima da barriga de um cara sem calças com a cara virada pro pau dele e com rosto sujo de porra, ela riu e levantou, com uma única duvida, quem havia a comido.
Ana fumava três maços de cigarro por dia, por isso não conseguia ficar sem fumar muito tempo, perto de Eduardo tinha malboro vermelho, o cigarro que Ana não se dava bem, mas ela o pegou, acendeu um cigarro e foi mijar, sentou com no vaso, ficou até o cigarro ter fim, ao se limpar reparou que tinha sangue, pensou que pode ser alguma DST e não ligou, saiu e foi até espelho tinha, roxos por todo corpo, riu-se e pensou “noite divertida” foi até a sala do apartamento no 18 andar nas ruas de São Paulo, acendeu outro cigarro, as janelas daquele apartamento não tinham proteção, não tinham segurança, mas isso não a impediu de sentar-se na janela daquele prédio gigante a dois andares da cobertura, nisso ela reparou que onde ela estava sentada tinha poça de sangue, ela ficou catatônica por um segundo, mas logo entendeu ela estava perdendo o filho que não sabia que tinha, aquilo doeu tanto, tanto e que seus pensamentos voaram direto para o niilismo, nisso Eduardo entra na sala e eles se olharam e ele disse “não, bixa” e ela se inclinou para fora no apartamento voando direto pro chão e antes de 10 segundos seu corpo estava esmagado contra o asfalto.