Frô
A princípio não a tocas, receando ferir-lhe as pétalas. Tomas coragem em seguida e, cuidadosamente, a seguras por seu caule, seus espinhos furando-lhe a palma das mãos pequenas - mas não ligas. Levas seu perfume a teus pulmões, tragando aquela fragrância dos amores que foram um dia também frágeis pétalas nas flores de primavera. Mas agora chega o outono, e seus espinhos cravados nos teus dedos são tudo o que fica contigo. Mas não choras, não, nem te desesperas; apenas recolhes o seco caule em um gesto de calma inquebrável, guardando-o para ti até que chegue o próximo equinócio.
3 comentários:
uma flor, mais-que-perfeita analogia.
Todos nós somos frô...
A sorte é que sempre há de novo a primavera...
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