sexta-feira, novembro 20, 2009

Pedaço de vida, pedaço de alma.
Pedaço dele próprio descansando no ventre daquela que o completa.
Que aquele pedaço era seu, que era também dela e era ainda mais outro pedaço que não pertencia a nenhum dos dois.
E que quando a semente virasse planta finalmente, ele iria todos os dias olhar nela tudo aquilo que era a mãe: em seus cabelos, compridos em cachos, em suas sardas, nas três pintas do ombro esquerdo.
Pedaço de ser que era o seu amor depositado no fundo da alma de mulher.

- Vai se chamar Cora, disse, apoiando as mãos com zelo na barriga de vida da outra.



" De anca na anca dela
E amanheça de cabeça dentro dela
"

terça-feira, novembro 17, 2009

Aparecer offline

Quando o jovem completa dezoito anos está apito a sair e freqüentar todas as festas que sempre viu fotos em fotologs e em perfil de “gente famosa” no orkut. Quer sexo, drogas, rock’n’roll a noite toda e festa todos os dias. Mas ninguém contava que tinha um ano no meio do caminho.

Entretanto, quando passa a freqüentar tais festas percebe que esses seres não são tão bonitos e legais. E que essas festas sem álcool seriam um porre. Por mais que você lute contra um dia se pega numa festa fazendo pose com aquele que um dia já foi apenas imagens na tela.

E um dia, algo grita dentro de você. É insuportável, as mesmas pessoas e musicas e lugares. E se pergunta, como eles agüentam? Você ainda tenta variar, mas mesmo escapando e curtindo outras festas quando volta você nada mudou. E você se pergunta novamente, o que eu to fazendo aqui?

Nessa hora que entra nosso status aparecer offline, você caminha até ao bar e com toda calma faz seu pedido com o cigarro na boca ainda apagado:

- Uma dose de vodca, sem gelo. Por favor.

É, no meio do caminho tinha um ano.