terça-feira, fevereiro 26, 2013

Descompasso

Não negava que os dias viraram anos e não havia o reencontrado, nem mesmo no seu dia a dia memória dele vinha a sua mente, não mentiu quando disse que o amava, mas a vida segue um fluxo mais intenso que as águas de cascatas, ela leva de nós e nos cala, nos acostuma. Não era por medo ou desgosto que não se lembrava, era por descaso, vindo ao acaso. Não havia uma marcar suja de violência, ou uma interrupção externa, foi assim, foi indo e aos poucos foi. Lembrando agora aquela noite quente onde beberam tanto que dormiram rindo e tontos, no dia seguinte sabiam que se amavam. Quando ela partiu e foi viver a vida, ele não disse adeus, nem mesmo tchau, acho que ele sentiu mais, mas também ela que partiu, com uma aflição enorme e toda coragem possível. Garota sabida sentiu no começo, mas com os dias que viraram anos teve uma vida tão repleta de vida que nada anterior parecia relevante. O tempo cura aqueles que a ele pedem auxilio, na verdade ela nem precisou pedir a cura veio, veio por estar tranquila, que o fim a certeza do começo e que se esvaírem com o tempo, inclusive o eu. Um belo dia tomando um café ouviu a voz dele, soou com uma bofetada em sua cara, levantou correndo e o abraçou por trás. Ele retribuiu abraço sem olhar pra trás, eles sabiam reconhecer um ao outro com muito pouco, ela nem percebeu, mas ele chorou uma lagrima. Terminaram o café juntos, quando se despediram ela sentiu uma dor tão profunda, passou o resto dos dias lembrando dele e ele dela, mas nunca mais se viram.

terça-feira, fevereiro 19, 2013

Calada

Nada no seu corpo conseguia abstrair a sensação de calor, levando-a loucura da felicidade momentânea, presa num corpo espacial determinado pelas ondas da voz dele. Qual tempo não via os tons laranja invadir de forma incomoda seus olhos, o por do sol é belo e agressivo e disso ela sabia. Camuflada e atenta ao seu comportamento agradável e padrão, não parava de encarar Henrique, passa horas falando da vida com a cabeça nas alturas e ele participava, lembrava e sacudia-se para entender melhor. Isabel falou horas dos cabelos e a conversa foi super interessante, tão sabidos e eloquentes podiam falar de coisas melhores. Tava lá toda serelepe, mesmo coberta pela sensação de indisposição que só que viveu um dia de calor carioca vai entender, não sei se ele viu, não sei se reconheceu ou melhor não reconheceu a nova criatura ali na sua frente, não era a mesma, mas falava e vivia no ritmo da outra. Era a mesma. Como posso negar as surrealidades de uma mente inquieta que grita sem o toque de alucinógenos, saiu perplexa confusa e meio frustrada, mas em paz. Percebeu que as guerras são pedras em seu caminho de uma verdadeira felicidade, tudo tá bem, né? Sim, então pra que não manter assim, entendeu a hipocrisia fantástica de esconder os temores quando eles não geram mais nada que destruição.