domingo, novembro 30, 2008

Vazio talvez tanto quanto os outros e tantos outros.
Porém neste, a desistência tão inerente à noção de que as coisas parecem nunca ser suficientes. Nunca haverá a recompensa esperada, o custo será sempre mais alto do que o benefício e todas essas intimamente guardadas e negadas impressões dos mundos.

Domingos.. malditos domingos..
Parecem que existem só pra me lembrar o quanto nem sempre as coisas estão tão ruins quanto se pensa: estão (e ficarão) piores. Ao menos por parte do Tempo.

Diferente de na madrugada, agora eu destôo da chuva que não está lá fora.
Havia dito que não mais tentaria escrever coisas, mas foi tanta chuva, que alagou tudo e fiquei soterrada.
Isso é, como sempre, um pedido de socorro. Socorro em meio às chuvas inesperadas e fortes e tempestuosas. Típicas chuvas de verão. Que vêm e varrem o que encontram, tornando tudo lama e desordem.


- Vai chover.
- Que chova tudo. Ontem choveu e foi bom. O problema da chuva é que ela sempre parece ser inconveniente. Mas quando você se dispõe a chover junto com ela, fica tudo bem.
- Sim, mas muuita gente não se dispõe a isso.
- Eu. Nem sempre. Ontem eu já estava chovendo, a chuva só concordou.
- Você tava chovendo antes da chuva?
- Eu tava chovendo desde o dia quando o mundo começou a chover. E já sabia que ia chover de algum jeito, mesmo que o céu não chovesse comigo.


Laiane, se você falar de novo que isso foi poético, a aposta estará cancelada.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Sem Palavras

"Eu sei que nada tenho a dizer,
Mas acabei dizendo sem querer
Palavra bandida!
Sempre arruma um jeito de escapar

Seria tudo muito melhor
Se a música falasse por si só
Da raiva, da vida
Nada existe sem classificar

Penso, tento
Achar palavras pro meu sentimento
Tanto é pouco, nada diz
Não é triste, nem feliz

Mesmo sendo
Um pranto, um choro ou qualquer lamento
Nada importa, tanto faz
Se é pra sempre ou nunca mais

Pensei em mil palavras, e enfim
Nenhuma das palavras coube em mim
Não vejo saída
Como vou dizer sem me calar?

Diria mudo tudo o que faz
Minha vida andar de frente para trás
Uma frase perdida
Num discurso feito de olhar

Não é meigo, nem é lindo
Não é raso, não é pouco, nem é tudo
Não é fato, nem é mito
Não é raro, não é oco, nem é nulo
Não é isso, não é outro
Não é chato, não é mito, não é chulo
Não, não, não, não

Eu sei que nada tenho a dizer
Pensei em mil palavras, e enfim
Seria tudo muito melhor
Pensei
Seria
Se um dia alguém puder me entender"


Consideração 1: O cd novo do Móveis vai vir rasgando.
Consideração 2: Parei.

sábado, novembro 22, 2008

Quem vive, sabe.

Prólogo:

É certo que tudo o que está prestes a ser digitado é fruto de sensações apenas possíveis e alcançáveis por usuários de droga. Ignore seu conceito e opinião sobre droga agora, isso é discussão para depois, mas é isso: eu não perceberia metade do que percebo se não fumasse maconha. O primeiro agradecimento da noite é pra você, Cannabis.
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Antes de tudo, quero te falar que você não sabe nada. É, não sabe nada.
E não se sinta menor por isso! Saber, assim, grosso modo, é o que menos importa.
O importante é sentir. Sentir, sentir, sentir até não poder mais não poder algo, sentir até o infinito.
Essa é a única maneira de então, almejar saber de alguma coisa.

Eu, me sentindo e portanto sabendo de mim [minha inconstância não significa auto-desconhecimento], me sinto apta a registrar sentimentos que julgo não merecerem o esquecimento, pelo menos por ora.



Espero que pelo menos esse blog sirva para não me deixar esquecer do fundamental.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Chuva de verão e um grande guarda-sol. Sintam.
(A propósito, o verão já começou lá fora?)



1. impressionabilidade, suscetibilidade, afetividade.

2. sofrimento físico ou moral; mágoa; aflição; pesar; dó; remorso.
2.1. ciúme; inveja; despeito.

3. falha ou defeito que aparece nas obras fundidas, proveniente de uma bolha de ar que entrou no metal durante a solidificação; folga.
3.1.
sorte, influência favorável ou contrária; vaidade; coisa rápida.
beber os -s por:
gostar muito de



Não sei se já perceberam, mas não sei perceber. Só sei que tá chovendo.

Perceber. Adquirir conhecimento de, por meio de sentidos. Entender. Compreender. Ver. Ouvir. Distinguir. Divisar.
Saber. Ter conhecimento de. Compreender. Ter a certeza de. Estar convencido de. Conseguir compreender. Poder explicar. Ter sabor. Impressionar o sentido do gosto. Sensatez.

Não percebo saber. Só sei que tá chovendo.
(A propósito, a chuva já começou lá fora?)

A vontade de falar é inversamente proporcional ao seu êxito.

E o que foi escrito antes tem a ver com meio dia.
Eu adoro a falanginha do meu dedo anelar do pé esquerdo.
:)


Segundo a quiromancia, a falanginha é ligada ao plano intermediário, entre o corpo e o espírito.
Segundo a quiromancia, o dedo anular corresponde ao Sol. Corresponde também a vibrações ligadas à alegria, vida e auto-expressão.

domingo, novembro 16, 2008

Remorso do Receio

Porque subtítulos das músicas do Móveis são muito mais esclarecedores.
Diferente das minhas interrogações.

Depois de uma manhã irregular, saudosa e portanto extremamente satisfatória, o já tradicional colapso psíquico do horário de almoço de domingo ao melhor estilo "é esse cara no espelho que eu quero quebrar".

Talvez esse seja o dia em que eu mais me senti não acariciada pelo poder da fala na vida.
Deve ser porque eu não tenho do que reclamar. E isso me deixe sem rumo.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Alguém me ensina a lidar com o tempo?
A saber se 100 dias é muito tempo pra pouca coisa ou muita coisa pra pouco tempo?
A entender como podem as coisas oscilarem tanto em 20 semanas?
A assumir que talvez os 10 anos que nos distam estão mais próximos de mim do que eu imagino?
E então eu começo a fazer contas e contas, como se com números eu pudesse fingir que entendo o tempo.

"Não estou entendendo o que estou dizendo, nunca!"

É a mais pura verdade.
É também pra sinalizar que enfim! Eu terminei de ler G.H.

Acho que livros não são pra mim. Eu não gosto quando eles terminam. Pra mim, a poesia não tem fim. O fim dos livros não passam de seus começos.
Mas quem sou eu pra falar do tempo?




(Postei só pra tirar o post antigo do topo, já tava me enjoando. Não que tenha surtido efeito, mas..)

domingo, novembro 09, 2008

Eu sou também o que eu não gosto de ser.

(Surra no blog, Chay?)
Na verdade a surra é em mim, porque eu não tô me controlando hoje, desculpe a confusão.
Eu tinha postado isso em um dos fotologs, mas fiquei sem entender o porquê. Tem coisas que eu posto aqui, tem coisas que eu posto em outro lugar. Como se cada coisa tivesse seu lugar pra ser dita, sabe? Isso não existe. Por exemplo aqui: eu não tenho só esse lado que eu moldo como lado de absorção. Existem tantos lados, falta tanta coisa e a falta vai fazendo furinhos nos lados e invadindo o externo até um ponto que eu não sei qual é.



"it feels like a hundred years.
e eu nem gosto de the cure, mas é o mais próximo que ultimamente tenho chegado do que eu quero, sem abstrações vazias no intervalo de piscares de olhos que pretendem sem modéstia um teletransporte desregulado. sem preocupações quanto a espaço e tempo, desde que me leve ao que eu quero.
enquanto isso, tudo parecerá como se fossem cem anos. e sem a mínima pressa.

caralho, eu vou ficar maluca.
é um turbilhão de coisas e pessoas e lembranças e esperanças
e sorrisos e sussurros e lágrimas e barulho
que eu já não sei mais até que ponto é tudo verdade ou saudade.

é a vontade de gritar mas de falar baixinho no ouvido, mas de só olhar e gritar do jeito mais alto que é possível, que na verdade é silêncio.

e quando eu encontrar [ou "encontrei" ou "tendo encontrado"], citando sentindo e lembrando Lispector, eu tenho medo de que a vontade de gritar não pare. continuará tudo sendo incerto, apesar da certeza de que é certo. e a necessidade tomará o lugar da vontade. e finalmente a inutilidade tomará o lugar da necessidade. então o ápice. e é por aí que eu vou saber que eu nunca soube [e não estarei sabendo ainda] quem eu sou."

sábado, novembro 08, 2008

Inquietação. Aparentemente positiva. Acordar com um pensamento involuntário e único, um objetivo traçado por mim e para mim enquanto eu nem estava consciente. Mas talvez 'estar consciente' seja algo racional demais pra mim. Eu não discuto a consciência presente nos sonhos, porque eles são mais do que isso. Eles são sensibilidade.
Se sentir viva e entender o contato com o mundo exterior como uma necessidade ireemediável, inadiável, insaciável. E ter praticamente certeza de que a vontade vai se manter no estado de apenas vontade, até que eu volte a dormir e me reconscientizar, se tiver sorte, de que eu posso tudo, por cerca de 8 horas.


(É, eu não acredito em finais felizes no 'mundo real'. Como no filme de hoje de madrugada (Penélope Cruz, Woody Allen e Odeon: não poderia ter sido mais gostoso assisti-lo), o amor só é romântico quando não é concretizado.)
(É, eu tenho problemas com sono. Não necessariamente aversão, hipnofobia. Mas dilemas. Porque nem sempre sonhar é o que você precisa.)
(É, eu sou anafórica. E compulsiva por polissíndetos. E já repararam também na minha dificuldade de titular os posts? É porque são todos escarrados. E é difícil dar nome ao que não se sabe direito o que é, ao que não se está acostumado, por não ter sido planejado.)

Mudando de assunto (ou não):
Cara, acho que minha vida seria muito mais simples se eu soubesse lidar com tempo, espaço e dinheiro.
Sobrariam apenas as dificuldades de compreensão dos sentimentos, que é um campo que me agrada.
Mas fico sempre muito irritada (ou me sentindo completamente idiota) quando percebo minha notória incapacidade de administrar, principalmente, a idéia de tempo, tempo psicológico versus tempo real e coisas assim.

P.S.: Eu queria saber escrever textos menos egocêntricos, para outras pessoas, mas parece que eu só consigo falar de mim. Por isso eu tenho estado desanimada de postar coisas. É uma vontade de sempre se explicar e externaliza o que eu sinto e penso e vejo que acaba dando nesses textos chatos e confusos e mal escritos. Eu queria saber fazer coisas para satisfação de outras pessoas, mas parece que eu só consigo me satisfazer (e nem sempre). No fundo eu devo ser só um vazio, que quando se projeta pra fora, resulta num vazio mais desagradável ainda. Ou algo assim.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Tons pastéis. Cáquis, beges, ocres, olivas, amarelinhos, rosinhas pálidos.
Todos assim, um quase nada, pra não correrem o risco de serem demais. Suaves, amenos, agradáveis aos olhos, discretos, passando desapercebidos, evitando causar qualquer frenesi.

Brandos. Nem muito claros, nem muito escuros. Nem muito frios, nem muito quentes. Equilibrados, fugindo do choque, do inesperado, do desregulado, do extraordinário.
Ai de mim perigar me deixar seduzir pela falsa sensação de satisfação em ser algo que combina com tudo, que cai bem em qualquer ocasião, a qualquer tempo, em qualquer pessoa.

Fulana

Encontramos conhecidos na fila do pão, ela nunca será conhecida. Nunca recordaremos dela como a fulana de unhas vermelhas. Que não gosta de chocolate e assiste novela, se emociona no final do filme. Mas por que não encontramos fulana de blusa amarela em nossas aleatórias recordações?
O que a faz não parecer humana?Não seria o próprio fato de existir?
Mas ela sabe rezar, faz sinal da cruz ao sair pra trabalhar. Mas esse tipo humano que me é “típico”. Não é visto aos olhos de Deus, muito menos aos meus. E fico a pensar, o que tem de diferente.
Fulana trabalha de domingo a domingo. Fulana se prostitui. Eu fiz fulana, é minha culpa se não me importo com ela.
Agora vejo fulana nos menores gestos de meu dia, vejo que fulana também é gente, desumana sou eu... Dei a luz a um filho, e como se o fosse bastardo, o renego. A descoberta dá-se a muito pelo esquecido, das diferenças surgirá revolta. Espero que um dia fulana me mate, pois está será a vingança da criatura pelo esquecimento do criador.

segunda-feira, novembro 03, 2008

medo de dormir

eu prefiro viver na ilusão desse mundo.
eu prefiro achar que tudo dará certo no final.
prefiro pensar que o amor que você dá é o amor que você recebe.
eu não gosto de pensar na capacidade que eu tenho.

dai eu sinto medo. medo de dormir.medo de não acordar
medo de sonhar e achar que tudo posso e tudo sou.
medo de acordar e saber, ao abrir dos olhos, que a mediocridade da vida impõe escolhas.
eu não gosto de escolhas.

eu não sei lhe dar com a minha existência. deve ser por isso que eu não gosto de dormir.
eu NEGO algo essencial. eu não sei aceitar " você tem que dormir".

mas no final, eu durmo.

no dia seguinte eu acordo sabendo do meu poder quase nulo.

por isso eu amo o nulo. o vazio. é o mais perto que eu posso chegar de mim mesmo.

domingo, novembro 02, 2008

Vermelho

Dentro de uma sala preta, pergunto se o vermelho me cabe.
Na vida que resta no verso calado, se penso logo é vermelho.
Mas por que me persegues? Queria talvez outro sentimento... E de novo vermelho me vem.
Vivendo das baixezas do mundo. Sabendo que o amor não existe. O amargo se faz meus pés. Levando em vermelho o codinome, já não renego os maus ouvintes. Não vêem a cor dos sons. Só ouvem e no horror da mudez o esquecimento se faz alarde.
-PUTA! Sonoridade cabível a um bolero. Trilha sonora de minha vida, não é meu direito. Só o vermelho me cabe.