domingo, maio 16, 2010

Ponho essa água pra ferver
Fever assim como quem sente frio
Frio assim como quem quer ferver
Mesmo que nunca mais
seco latente sabor
minha boca seca rachando
bolha, madrugada, pavor
cachaça
chá
café
gole desce garganta ardente
arranha queima e não cura
a sede secura de gente.

quinta-feira, maio 13, 2010

.

Meio alegre sorridente
sem vergonha de mostrar os dentes
assim meio demente
Mas é meio
e outro meio
tem receio
de deixar de ser meio
ser inteiro
perder a graça
medo, anseio.
Sabe
o amor ainda não veio
Mas vai vir assim
de um jeito
bom
sem jeito
hoje um meio
meio outro amanhã
se conseguir
será só os dentes
todos o dentes
encarando de frente
não mais escondendo
nunca mais sofrendo
sumindo um meio
acabando
tudo tão limpo
sincero bonito
até meio sentido.



(Acho que esse meu poema antigo cabe como resposta positiva ao poema anterior)

terça-feira, maio 11, 2010

na musica, no espaço
você não combina comigo
no gesto, na fala, no toque
não combina
não combina
não combina
no entanto, finge
dá-me esperanças e me desatina.

é a minha musa, me inspira
em você faço e me refaço
encontro-me tosco, vazio
sem vontade.
quebro-lhe em duas
me alegro na metade
me incoformo na verdade
e fico na saudade, então
de mim

Metamorfosear

Hoje sonhei que mudava os móveis de lugar. Os móveis do meu quarto.
Assim como quem muda de vida. Buscando uma nova organização, uma diferente circulação.
Acordo e percebo que ainda tenho resquícios seus.
Talvez seja a saudade que insiste em sobreviver mesmo que ninguém a alimente.
Assim como os vegetais fazem fotossíntese bastando o sol nascer.

Não sei o que em mim faz querer remastiga-lo, regurgita-lo todos os dias, todas as
manhãs.
Chamo um amigo meu quando isso acontece.
É um amigo meio ausente porém não deixa de ser um amigo.
Seu nome é Otimismo.
E então ele me diz que isso é porque não exercito o verbo amar, que logo um novo amor virá e roubará todo o alimento da saudade do amor antigo.

Assim espero ansiosa ele chegar e acabar com todo o alimento da Saudade. Quero que ela morra sequinha e mesmo que venha a luz solar matutina ela não tenha sequer forças
pra enxerga-la.
Será aliviador.
Promento pro sol e pra mim mesmo que quando esse dia chegar eu mudarei meus móveis de lugar.

domingo, maio 02, 2010

Terceira pessoa

Não sabia desde quando era assim.
Talvez tenha acontecido de repente, num susto, num ímpeto: d'uma vez só.
Talvez tenha sido um processo lento e gradativo, no qual se perdera sem se dar conta.
E mesmo em toda a sua incerteza, sabia que precisaria reaprender a andar. Falar. Respirar. Sentir. Chorar. Reaprender a viver.
E foi então que lhe disse,
"Não tenha medo
Dá-me sua mão
Vem comigo correr a vida"