sábado, fevereiro 28, 2009

E quando nenhuma música cabe no peito?
E quando nenhuma ofensa cabe na boca?
E quando nenhum disfarce cabe no ouvido?

Mais do que nunca, correndo o risco de parecer pouco modesta, eu julgo ter discernimento para agir com franqueza e coragem fronte às adversidades surreais que apresentam faces facilmente consideradas propositais por alguém comumente complexada como eu.
Me sinto livre. Fui honesta sem que isso tenha me causado nenhum tipo de vergonha ou constrangimento.
Não sei se seria egoísmo considerar que é uma conquista minha e somente minha e pra mim. Fato é que eu não me sinto dependente, nem direcionaria agradecimentos a algo ou alguém imediato.
Nunca estive me sentindo tão bem comigo mesma. Tão sinceramente bem.
O único vestígio de dor residente aqui é o da saudade daqueles que têm segurado a minha mão sempre. E junto dela uma pontinha de ansiedades (não sei ao certo até que ponto a saudade e a ansiedade podem ser separadas uma da outra). Mas não é uma ansiedade ruim. É o anseio de transcender o estado de espírito atual.
Transcender. Superar. Extrapolar o que já parece absurdo.
Como uma caixinha chinesa.



"É com uma alegria tão profunda. É uma tal aleluia. Aleluia, grito eu, aleluia que se funde com o mais escuro uivo humano da dor de separação mas é grito de felicidade diabólica. Porque ninguém me prende mais."
(Água viva, Clarice Lispector *-*)

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Estou tentando.. estou tentando.. só Deus sabe o quanto estive tentando.

E por ora, isso é apenas um desabafo prematuro de uma noite mal dormida em meio a uma rotina de excessos e deficiências.
Mas era carnaval, reza a lenda que podia tudo.



Fingindo (e forjando) estar perdida
me encontrei enfim
sozinha
às claras
e mais segura do que nunca
acostumando-se a uma nova realidade confortável de recusas que há tempos seriam inconcebíveis
Posso então talvez falar que sim, enfim, estou bem.

às 5:35 AM
(não sei pontuar corretamente manuscrevendo sonolenta no escuro)

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

see you at the bitter end.

(22:51) Craol: porque fechou?
(22:52) chay: sei lá, cansei, me senti ofendida por mim mesma escrevendo
(22:53) Craol: isso é bizarro
mas é muito bonito
(22:53) Craol: porque geralmente temos uma coisa de sempre tentarmos nos proteger
(22:54) Craol: auto preservação
é difícil se ofender
(23:04) Craol: sempre que entro me sinto tão contemplada
tenho medo de você escrevendo
(23:05) chay: eu não me sinto mais :/
sei lá que porras são essas que eu escrevo
uihsaiuhsae
é quase um alterego escritor, sendo exagerada
(23:06) Craol: talvez seja como ser dominada por esse escritor
(23:06) Craol: e não saber mais o que se é
(23:06) chay: exato
(23:07) Craol: eu me sinto assim quando namoro
não sei dizer o que sou eu ou que é ele
e isso me confunde
por isso odeio
e tenho dificuldades de me relacionar

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Não respeito o doente

Vivemos de desilusão causada por nós mesmos, apesar de sermos eternamente inocentes. É como se plantássemos sementes de melancia numa tarde de verão e à noite surgissem duendes para "desplantar" e trocá-las por sementes de acelga. Não se toma mais suco, só se come salada amarga.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

desmentindo

Acho que vou morrer de amor.
E fora o inverno e o tempo ruim, eu não sei o que espera por mim.
Esse tal doismilinove me parece tão mais uma das ironias do destino, que se souber de um show do Placebo por aqui, perigo não acreditar.


A propósito,
O céu hoje tá tão azul que é uma vergonha eu aparecer na janela tão assim descolorida.

sábado, fevereiro 07, 2009

Socorro! Não estou sentindo nada!
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro! Alguma alma mesmo que penada me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada!

Socorro! Alguém me dê um coração, que esse já não bate nem apanha
Por favor! Uma emoção pequena... Qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta!

Tem tantos sentimentos... Deve ter algum que sirva...
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos... Deve ter algum que sirva...

Socorro!
Alguma rua que me dê sentido!
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro! Eu já não sinto nada!



Do mestre,

Arnaldo Antunes.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Cada esquina dessa cidade parece capaz de narrar minha vida.
É possível não sentir nada?
É possível esquecer?
Das lembranças incômodas é possível fugir?

Mas ao menor indício de perigo, ameaça,
fechar os olhos com força e não se arrepender de nada.

Será essa nostalgia sintoma da imaturidade acerca do entendimento de que tudo passa?

Passa mas deixa marcas e então como lidar com o impulso de tocá-las e fazê-las através da dor e até do prazer direto ou indireto, novamente vivas?


Não sei.
Desço no ponto seguinte e ando três quarteirões na chuva.
Talvez, como antes.