quarta-feira, julho 21, 2010

Dizeres

Deodora com seu corpo de tinta do século e suas vestes do século passado desfilava pelo calçadão a beira mar, seus ombros desnudos a mostra para senhoras de classe que por ali passavam, não temia a reprovação dos olhares delas, já cansados e auxiliados por aparelhagem moderna. Seu andar gingado remetia a uma dança negra-pagã, sua postura era de afronta para mascarar sua personalidade dócil, uma boa menina, mas quem diria?
Ouvia rock moderno e samba arcaico, seu sorriso ingênuo era privilégio para poucos, como eu me orgulho de tê-lo visto. Amante sigilosa nunca retirava a mascara de seu cúmplice galanteador que lhe jurou amor e a feriu com seu membro, violou-a sem desleixo e nem pretexto, a sangrou, mas quem diria?
Eu como fico? Indefeso por não ter o convite de bailar com ela, é como já sabia, a verdade nem sempre tem que ser dita e até mesmo eu, um príncipe, que proclama justiça dessa vez não queria, Deodora me puxe para rodar, vamos rodar que eu vou mostrar meu jazz e você vai gozar, mas quem dirá?

quinta-feira, julho 15, 2010

Inspirado pelo post de Camila Jam de 04/08/01, 4:14 am. E por essas até então inexperimentadas cinzas noturnas pelo quarto quieto.

Strip tease. Aqui eu me dispo por completo. Tomai-me com a voracidade daqueles corpos emersos na solidão carnal que só esse mundo pode oferecer. Sodomizai-me, nesse escuro que somos nenhuma moral pública há a nos represar. Podemos fluir. Estamos livres a transbordar, não soa convidativo? Vou me deixando levar, sou o que vou sendo, vai acontecendo, quando dou por mim, já não sou eu, é transitoriedade. Canto o que nunca ouvi, toco quem nunca amei, falo o que nunca senti. Sem culpa. Só quero me afogar nos acordes, asfixiar nos versos, desmaiar de tanta cor.
A chuva voltou, mas eu cansei de só fazer chover. E não vou me desculpar. Adeus, Macabéa, mesmo com as asas encharcadas, vou lá tentar voar. Mesmo que o tempo não venha a abrir, em pleno inverno talvez (quem sabe?) eu consiga desabrochar.

quinta-feira, julho 01, 2010

parafraseando

Toda carne atrai
retrai
contrai
distrai
trai
Porque toda carne é fraca.