quarta-feira, julho 21, 2010

Dizeres

Deodora com seu corpo de tinta do século e suas vestes do século passado desfilava pelo calçadão a beira mar, seus ombros desnudos a mostra para senhoras de classe que por ali passavam, não temia a reprovação dos olhares delas, já cansados e auxiliados por aparelhagem moderna. Seu andar gingado remetia a uma dança negra-pagã, sua postura era de afronta para mascarar sua personalidade dócil, uma boa menina, mas quem diria?
Ouvia rock moderno e samba arcaico, seu sorriso ingênuo era privilégio para poucos, como eu me orgulho de tê-lo visto. Amante sigilosa nunca retirava a mascara de seu cúmplice galanteador que lhe jurou amor e a feriu com seu membro, violou-a sem desleixo e nem pretexto, a sangrou, mas quem diria?
Eu como fico? Indefeso por não ter o convite de bailar com ela, é como já sabia, a verdade nem sempre tem que ser dita e até mesmo eu, um príncipe, que proclama justiça dessa vez não queria, Deodora me puxe para rodar, vamos rodar que eu vou mostrar meu jazz e você vai gozar, mas quem dirá?

3 comentários:

Bianca Burnier disse...

quem dirá?

B. disse...

"A verdade nem sempre tem que ser dita".

Clara disse...

Rítimo e musicalidade, gosto disso na prosa. Adorei (: