sábado, setembro 19, 2009

A Sobriedade das Cores

Na esperança de que algo causasse estranheza ao que sentia, abriu a gaveta do armário e logo de primeira conseguiu identificar o objeto que a faria melhor. Analisou por alguns instantes a forma insegura e pensou no espaço em que ocuparia em seu corpo caso resolvesse engolir tudo de uma única vez.
Em poucos passos alcançou a janela e olhou para baixo ainda segurando o frasco. Tentou agarrar com a mão que lhe sobrara um pouco de ar para levar aos pulmões, como fazia ainda menina e ficou a pensar se não era o ar que abraçaria sua mão e não ela e sua tentativa anterior.
Olhou ao redor e viu as paredes do apartamento muito bem pintadas com cores sóbrias e por instantes o objeto que carregava consigo desequilibrou a sobriedade das paredes, infligindo uma espécie de nova regra ao espaço.
Retornou a gaveta do armário, abriu, e logo de primeira conseguiu identificar o objeto que a faria melhor. Como se previsse o próximo passo pensou que o ar faria bem para seus pulmões e com a mão que lhe sobrara agarrou sobriamente a outra mão, olhou para baixo e pensou no espaço em que ocuparia em seu corpo caso resolvesse engolir todo o ar de uma única vez.
Logo encontrou as paredes dentro do frasco e em longos passos alcançou o ar sóbrio que adentrava no apartamento e fazia com que suas mãos ficassem nervosas, respirou o desequilíbrio para seus pulmões e o seu rosto bem pintado causou estranheza ao se olhar na janela, e como se ainda fosse menina olhou para baixo agarrada ao frasco e desequilibrando as nuvens infligiu uma nova regra ao apartamento.

7 comentários:

Igor Dorneles disse...

é lindo, mas toda vez que você fala objeto, eu penso em escova de cabelo, ris

Bianca Burnier disse...

acho que você precisa se desprender de simbologias

Clara disse...

porra, igor!

Meu amor, acabou de virar meu preferido. Quer dizer, segundo preferido, o soneto da despedida é o primeiro com certeza (:

Frenata disse...

Me lembrou construção.
Muito bom, fiquei inebriada lendo-o.
Te amo, vamos ganhar a vida como escritoras e vamos ficar velha escrevendo contos eróticos.

Clara disse...

HAHAHAHAHA VAMOS FICAR VELHAS ESCREVENDO CONTOS ERÓTICOS HAHA

Só por isso eu amo a Renats.

Bianca Burnier disse...

É esse mesmo meu futuro, ficar velha escrevendo contos eróticos

Clara disse...

Lindo, lindo!