quinta-feira, junho 17, 2010

Canção do Perdão

- Reze, essa ultima prece.
Jogada nas escadas da porta da candelária, estava eu, ali morrendo, mas não podia dar o braço a torcer, era de fato minha ultima chance de fazer uma oração, finalmente diria a ele que sou crédula, mas de que vale a salvação, quando minha vida foi perdida?
Augusto suplicava do meu arrependimento cristão, que nunca existiu, como eu podia ter um remorso o qual não existe, e nunca existirá, sou dada aos fatos e os fatos são indiscutíveis, não sou digna de perdão.
- Luiza, reze e será salva.
Não quero ser salva de mim, isso Augusto, homem espiritualizado e nobre, não era capaz de entender, atender seu pedido de entrar ao recinto santo e a fazer a divina suplica, seria abandonar os vestígios de vida que me restavam.
Aqui estirada nessas escadas, após de me soltar de seus braços que me levavam até a igreja, irei permanecer parada e se insistir em me levar para dentro, não irei correr, pois nem forças para levantar eu tenho, mas rebater-me-ei até a morte me alcançar, sem deixar de ser Luiza da Boca de Mel.

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