quinta-feira, junho 17, 2010

Felícia

Como posso ser feliz, tão sozinha nessa terra de procriação, se eu não sou como eles, não sou como elas, nem ao menos sou como sou.
Felíca sempre pensava dessa forma, nem ao menos um dia via as coisas de forma diferente, ninguém era tão triste por culpa própria, nem ela entendia o porquê de agir tão diferente dos demais.
As sombras caçoavam do fato dela se recusar a procriar, pois devia por no mundo criatura tão confusa quanto ela? Ela não achava que era justo com a cria carregar o manto de seus martírios, soava como o vento seus pensamentos na vida de qualquer que a escutasse, porque para eles vazios, tanto o vento quanto as palavras ricocheteavam em suas cucas ocas, mas como nossa menina poderia contemplar seu nome, recusava as oportunidades que a naturalidade a oferecia, essa normatividade nada lhe convém, como sentiria a pureza da alegria.
Aflita e perdida se tocou, se sentiu, degustou de tudo que poderia trazer a si e com ajuda de seus dedos encontrou a essência da felicidade.